A empregada baiana era quem matava as galinhas.
A menina a seguia.
"Tá aqui por que? Dó faz o bicho demorar a morrer;"
A galinha sem cabeça corria ensanguentada.
A menina sentia-se culpada pela dança macabra,
mas não conseguia se afastar.
Melhor era parar de sentir dó.
Pediu a baiana que lhe ensinasse aquela destreza.
Os frangos eram colocados entre a perna e
puxava-se a cabeça até desgrudar do corpo.
As aves mais velhas, de carne mais dura,
era preciso usar uma faca para decepar.
A menina e a empregada baiana se divertiam
correndo para pegar as galinhas no quintal.
Enfiavam na panela de água fervendo
e depois depenavam o bicho.
A menina passou a comer pé, fígado, moela.
Dizia que não sentia mais dó, sentia respeito.
O rito a aproximava de Deus.
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