Minha tia tinha uma academia de ginástica que ficava encostada na casa da minha
avó. Nos finais de semanas a academia fechava. Sábado era o dia da faxina.
Paulo era o nome do faxineiro, um mulato quase gordo que tinha pouco mais de vinte
anos. Em um desses sábados, pulei o portão da casa da vovó e fui acompanhar a
faxina. Estávamos na sala de ginástica, cercados de espelhos quando, passando um
pano úmido no chão, o Paulo pediu para ver minha xoxota. Achei aquilo tão
engraçado. Ninguém nunca me pedira para ver minha xoxota. O que teria ela para
que o Paulo quisesse vê-la? Ele repetia a pergunta com sofreguidão.
Fiquei na dúvida do que fazer: ser uma garota boazinha e fazer o que ele me pedia ou
maltratar um pouco aquele homem grande e dizer não para ao seu apelo? Disse então
que minha xoxota não mostraria.
Ele insistiu uma vez, duas, dez. Passou a tarde limpando o chão e implorando. Eu não
saía do seu lado, mas não lhe mostrava o que queria.
Fui percebendo que com minha xoxota conseguia fazer que um homem forte e gordo
como o Paulo se curva diante de mim, uma criança de sete anos. Não sabia bem o que
ele queria, mas sabia que eu estava no comando agora.
Ficamos horas nessa dança, até que eu me cansar e ir embora.
Descobri nesse dia que, mesmo os homens sendo mais fortes, eu tinha uma arma
capaz de vencê-los.
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