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Paulo

  • mariliacppassos
  • 27 de set. de 2022
  • 1 min de leitura

Minha tia tinha uma academia de ginástica que ficava encostada na casa da minha

avó. Nos finais de semanas a academia fechava. Sábado era o dia da faxina.

Paulo era o nome do faxineiro, um mulato quase gordo que tinha pouco mais de vinte

anos. Em um desses sábados, pulei o portão da casa da vovó e fui acompanhar a

faxina. Estávamos na sala de ginástica, cercados de espelhos quando, passando um

pano úmido no chão, o Paulo pediu para ver minha xoxota. Achei aquilo tão

engraçado. Ninguém nunca me pedira para ver minha xoxota. O que teria ela para

que o Paulo quisesse vê-la? Ele repetia a pergunta com sofreguidão.

Fiquei na dúvida do que fazer: ser uma garota boazinha e fazer o que ele me pedia ou

maltratar um pouco aquele homem grande e dizer não para ao seu apelo? Disse então

que minha xoxota não mostraria.

Ele insistiu uma vez, duas, dez. Passou a tarde limpando o chão e implorando. Eu não

saía do seu lado, mas não lhe mostrava o que queria.

Fui percebendo que com minha xoxota conseguia fazer que um homem forte e gordo

como o Paulo se curva diante de mim, uma criança de sete anos. Não sabia bem o que

ele queria, mas sabia que eu estava no comando agora.

Ficamos horas nessa dança, até que eu me cansar e ir embora.

Descobri nesse dia que, mesmo os homens sendo mais fortes, eu tinha uma arma

capaz de vencê-los.

 
 
 

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